Em novembro de 2025, o mundo voltará os olhos para o Brasil, quando a cidade de Belém do Pará sediará a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conhecida como COP 30. Esta será a primeira vez que uma COP acontece na Amazônia, região estratégica para o equilíbrio climático do planeta. Com a participação esperada de mais de 50 mil pessoas, incluindo chefes de Estado, cientistas, empresários, ativistas e representantes da sociedade civil, o evento promete ser um marco decisivo na luta contra as mudanças climáticas.
O que é a COP?
A COP (Conference of the Parties) é o principal fórum internacional para negociação de políticas de enfrentamento à crise climática. Criada em 1992 a partir da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), as conferências são realizadas anualmente desde 1995. O objetivo central é reunir os países signatários para avaliar os progressos, propor metas de redução de emissões e avançar em acordos multilaterais.
Breve História das COPs
Desde sua primeira edição em Berlim (COP 1), as conferências evoluíram significativamente. Alguns momentos históricos incluem:
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COP 3 (Quioto, 1997) – Lançamento do Protocolo de Quioto, primeiro tratado internacional com metas obrigatórias de redução de emissões.
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COP 15 (Copenhague, 2009) – Apesar da expectativa, foi marcada por impasses diplomáticos e resultados limitados.
COP 21 (Paris, 2015) – Marco fundamental com a aprovação do Acordo de Paris, que estabeleceu o compromisso de manter o aquecimento global abaixo de 2°C, preferencialmente 1,5°C.
COP 26 (Glasgow, 2021) – Reforçou a urgência climática e a necessidade de eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis.
Por que a COP 30 é tão importante?
A COP 30 não será apenas mais uma conferência. Ela marca um ponto crucial: os países devem apresentar novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), ou seja, planos mais ambiciosos de redução de emissões de gases de efeito estufa, conforme exigido pelo Acordo de Paris.
Além disso, a escolha da Amazônia como sede simboliza o reconhecimento da região como essencial para o futuro do planeta. A floresta amazônica atua como sumidouro de carbono, regula o regime de chuvas e abriga uma das maiores biodiversidades do mundo.
Para o Brasil, a COP 30 é uma oportunidade única de:
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Reafirmar seu protagonismo ambiental;
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Atrair investimentos em energia limpa, bioeconomia e preservação florestal;
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Demonstrar ações concretas contra o desmatamento e em defesa dos povos indígenas;
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Liderar o diálogo entre países desenvolvidos e emergentes.
Maiores Desafios
Apesar das conquistas diplomáticas, as COPs enfrentam desafios persistentes:
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Cumprimento das promessas: Muitos países não cumprem suas metas de redução de emissões.
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Financiamento climático: O compromisso de transferir US$ 100 bilhões por ano dos países ricos aos mais pobres ainda está longe de ser totalmente cumprido.
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Ambições insuficientes: Mesmo com o Acordo de Paris, os compromissos atuais levam a um aquecimento global estimado de 2,5°C a 2,9°C, acima do limite seguro.
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Conflitos de interesses: A pressão de setores como petróleo, carvão e agronegócio frequentemente trava os avanços nas negociações.
Perspectivas Futuras
A COP 30 pode redefinir o curso da política climática global. Alguns pontos que devem ganhar destaque:
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Transição energética justa: Como garantir energia limpa sem comprometer empregos e economias locais.
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Justiça climática: Reconhecer que os países menos responsáveis pelas emissões são os mais afetados.
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Tecnologia e inovação: Investimentos em soluções sustentáveis, como agricultura regenerativa, energia solar e captura de carbono.
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Participação social e indígena: Fortalecimento da voz de comunidades tradicionais na tomada de decisões.
A COP 30 será uma conferência histórica e simbólica. Ao sediá-la no coração da Amazônia, o Brasil assume a responsabilidade de mostrar ao mundo que é possível conciliar preservação ambiental com desenvolvimento sustentável. O sucesso da COP 30 depende da cooperação internacional, da coragem política e do compromisso com as gerações futuras. O tempo é curto, mas a janela de oportunidade ainda está aberta.